sábado, 7 de março de 2020

Morre primeiro prefeito eleito Marcelino Afonso Neis

Marcelino Afonso Neis, primeiro prefeito eleito de
Palotina. Ele cultivava um grande amor  ao município.
(Foto: Vanildo Cardoso)  
Faleceu na manhã deste sábado, aos 98 anos, o pioneiro e primeiro prefeito eleito de Palotina, Marcelino Afonso Neis. Ele administrou Palotina de 1961 a 1966. Seu corpo será velado na Capela Santa Rosa e o sepultamento ocorrerá no final da tarde. A Câmara de Vereadores fará homenagem às 17h.

Tive a honra de produzir uma reportagem com ele para a Folha de Palotina. Recorri ao arquivo para trazer sua história:  

Marcelino Afonso Neis chegou em Palotina no dia 6 de maio de 1954, vindo de Erechim-RS. Ao pisar no território onde mais tarde surgiria o município, o pioneiro se deparou com o grande desafio. “Não é fácil imaginar como era Palotina. É muito difícil comparar aquilo que tinha naquela época com o que temos hoje. Eu não estive entre aqueles que foram os primeiros a chegar aqui e que formaram o acampamento denominado República. Eu vim um pouco mais tarde. A República era o ponto de referência. Todos que vinham de fora tinham que passar por ali”, relata. Marcelino disse que a primeira pessoa que teve contato ao chegar em Palotina foi Waldemar Gregório Empinotti, para perguntar como chegava na parte de cima do território. “Quando o Waldemar viu o carro parar, veio até a mim e me cumprimentou”.
Antes mesmo de desembarcar em Palotina, Marcelino já havia providenciado a construção de sua casa. “Na verdade eu comprei terra aqui através de mapa e até então não tinha vindo a Palotina. Vim num táxi de Toledo que encalhou num atoleiro. Foi preciso dar uns empurrões para tirar o carro do lugar. No lugar onde foi construída nossa casa não tinha nada, apenas a clareira do mato queimado. A mata foi derrubada em duas ou três etapas. A primeira derrubada iniciava na região onde hoje é o Posto do Locatelli até o Hospital Menino Deus. Depois seguia até a Rony Pneus sendo concluída até o Hospital Santa Cruz”, relembra.
Marcelino conta que quando acordou no outro dia ficou um pouco assustado porque viera de uma cidade média, com muita gente no comércio e na missa. “O ânimo e a coragem me convenceram de que iria progredir aqui”, disse ao relatar que seu objetivo quando escolheu Palotina foi a instalação de uma indústria de macarrão, bolacha e biscoito. “De fato colocamos em funcionamento esta indústria mas a companhia que tinha se responsabilizado pela energia elétrica acabou não dotado a cidade deste tipo de benefício. No início a energia elétrica era gerada por um motor de um barco trazido de Foz do Iguaçu que funcionava cerca de três horas por noite. Outro motor era movido a carvão, mas como se tratava de um equipamento importado da Alemanha, na região não tinha peças e quando quebrava tínhamos que ir a Curitiba buscar. Isso dificultou para a nossa indústria, principalmente porque precisávamos produzir muito, pois vendíamos os produtos em dezenas de cidades da região. Como não tínhamos energia elétrica suficiente, decidimos desativar a indústria”.
O pioneiro revelou que sempre gostou da agricultura e gostava de ver o mato, rios e na cidade de origem não dava para apreciar estas coisas. “Foi por isso que resolvi vim para esta região. Confesso que não me arrependi. Depois que parei com a indústria de massas, passei a atuar num escritório de contabilidade em sociedade com meu cunhado e também fui vendedor. Isso se deu até fins da década de 50”.

Política

Em 1957 Palotina foi elevada à categoria de Distrito Judiciário de Guaíra. Marcelino lembra que foi a partir daí que Palotina começou a se movimentar no sentido de buscar a emancipação. “Nós tínhamos uma liderança muito boa e graças à influência de muitas pessoas com o governo do Estado, foi criado o município em 25 de julho de 1960”. Em agosto daquele ano foi nomeado interventor do município o senhor Waldemar Gregório Empinotti e em 3 de outubro de 1961 foi realizada a primeira eleição para prefeito quando Marcelino disputou com Domingos Francisco Zardo que era diretor da Companhia Pinho & Terras. “Acabei vencendo a eleição com diferença de apenas 37 votos. Foi uma eleição muito bonita e disputada. Para se ter uma idéia nos chegamos a empatar a votação em quatro urnas. Assumi o município no dia 3 de dezembro de 1961 com o desafio de estruturar a prefeitura para fazer os atendimentos. Não tinha nada e precisávamos dar início a esta estruturação. Tivemos que administrar a aquisição de todos os bens necessários ao funcionamento da prefeitura. Foi um desafio grande, mas valeu a pena”.

O início

Quando assumiu a prefeitura, Marcelino se deparou com a falta de equipamentos. Segundo ele a prefeitura de Guaíra não colocou máquinas à disposição de Palotina. “À época que pertencemos a Guaíra uma patrola veio para a nossa região uma ou duas vezes para cuidar das estradas. No meu projeto de campanha tinha tudo que deveríamos fazer e passamos a trabalhar para realizar”. Segundo o pioneiro entre as principais metas estava a legalização das terras e a aquisição de uma patrola. “Um ano depois que estava na prefeitura nós compramos uma patrola nova. Depois adquirimos outros veículos e equipamentos para o município”.
Marcelino conta que no início as estradas eram abertas e não havia manutenção. Conservar e abrir novas estradas foi um trabalho intenso realizado pela prefeitura, inclusive a ligação entre Palotina e Assis Chateaubriand foi viabilizada naquela época.

Em 2005 Marcelino foi homenageado com o título de Cidadão Honorário de Palotina por indicação dos vereadores Antoninho Luiz Cecchi, Ênio Moesch, Eurico Fernandes Barbosa, Jonas Mário Vendrúscolo, José Pedro Bento Filho, Lourival Gabriel, Osvaldo Paulino de Freitas e Valtecir César Manfrói.
Em 1963 o pioneiro também ajudou a fundar a C.Vale, na época denominada Campal.









 

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